sem rei nem roque

Já há algum tempo que não lia as crónicas de Vasco Pulido Valente (VPV). São sempre geradoras de reflexão. A ultima crónica de VPV, no público de 26.09.10 continua a pôr o dedo na ferida, mas não me pareceu tão corrosivo como noutros tempos. Ficaram 2 parágrafos na memória. O primeiro foi: "...Em segundo lugar, como ele de resto já declarou, Pedro Passos Coelho não quer servir de muleta a um governo que detesta, para se ir juntar à longa lista de fracassos do PSD.". O segundo foi: "Na pior crise do Portugal contemporâneo, andamos por aí sem rei nem roque. Cavaco não conta. E o nosso destino passou para as mãos de um principiante sobre o imaturo e de um funcionário do PS iletrado e cego, que se chama Sócrates. Mas nós gostamos.". Pedro Passos Coelho (PPC), tem aqui uma oportunidade de mostrar qual a cepa de que é feito! Concordo quando se diz que o apoio que os sucessivos chefes (não lideres, chefes) do PSD deram ao PS, mais ou menos subservientemente, provocaram um desgaste da sua figura. Tanta critica durante a maioria do tempo mas, nos momentos cruciais, justificam a sua posição com o sentido de estado? Não há sentido de estado quando um governo é mau. E este governo é uma tragédia em 3 actos. E só ainda vamos no segundo acto. Portanto, se consideram que este é um governo mau, qualquer momento é um bom momento para o pôr a andar. Considero que sentido de responsabilidade é mandar embora um governo quando é mau, e deixar governar um governo quando é bom. Mas se servirem de muleta ao orçamento, poderão estar a hipotecar a possibilidade de apresentar uma alternativa credível Como se diz no segundo parágrafo seleccionado, andamos por aí sem rei nem roque. E o problema é que não é de agora. Temos andado há muito tempo sem rei nem roque. Talvez isto justifique o cada vez maior número de pessoas a pedir uma intervenção do FMI. Seja o FMI ou outra, o mais importante será vir alguém de fora dizer o que muitos internamente já dizem, mas que não são ouvidos, precisamente por serem portugueses.

2 comentários:

Pedro Costa disse...

À falta de colaboração do PSD, Sócrates ameaça com o espectro de uma crise política.
Mas como se chama uma situação em que o Estado manda apertar o cinto, mas continua a gastar, em que os ministros se evaporaram e quando aparecem nota-se que andam constrangidos a contar os dias para o fim do calvário.
Para mim chama-se crise política.
Razão têm os homens do 31 da Armada quando dizem que se calhar nem é mau para o país que se entre num esquema de duodécimos: assim, se não houver dinheiro, não se gasta.
Mas apesar de tudo, não deixa de ser triste ver que Pedro Passos Coelho consegue a proeza (quase impossível) de já ter estado numa posição de maioria absoluta nas sondagens e de agora estar praticamente empatado.
Não sei se chegamos ao Natal.

Pedro Paiva disse...

Parece-me que o PPC está a virar muito à direita. Não sei se por pretender mostrar que é diferente de Sócrates, se por ser sua convicção. Está-se a desviar do local onde se ganham eleições. De qualquer modo, apesar de me parecer ser um bom carácter (juízo de valor muito falível, pois não o conheço), não me identifico minimamente com as suas políticas. E a história da revisão constitucional, independentemente do seu interesse, faz lembrar aquelas galinhas que têm milho do outro lado da rede e insistem em dar cabeçadas na rede, em vez de dar a volta e comer o milho.
Abraço