monólogos


Um dos grandes títulos do i de hoje é: "FranciscoAssis: Sócrates e Passos Coelho deveriam falar mais vezes". Eu considero que eles já falam muito, e que apenas resultará falarem mais quando começarem a ouvir o outro. Diria mais, para quê falar mais vezes, se não se pretendem escutar. Parece-me que cada vez que se encontram já levam tudo perfeitamente definido, e a única coisa que pretendem, é demosntrar à outra parte as virtudes da sua solução. Errado! A outra parte considera que a sua solução é a virtuosa.
Estamos perante uma demonstração inequívoca de que a soma de dois monólogos não é igual a um diálogo. E é uma situação comum na política, sociedade, desporto, ou em qualquer outro campo. Alguém me dizia em tempos idos: “ Se não queres saber se está tudo bem com quem está à tua frente, não lhe perguntes “tudo bem?” diz apenas “olá”, caso contrário será uma enorme falta de respeito não ouvires o que te tem para dizer, quando diz: “nem por isso, sabes que blá, blá, blá, …, blá, blá, blá,” .
Nestes encontros deve passar-se exactamente o mesmo. Se não querem ouvir o que o outro tem a dizer, não percam tempo. Chega de “show-off”. Chegam as duas partes e começam: “blá, blá, blá, blá, …, blá, blá, blá,…mambo jambo e coisa e tal,…pardais ao ninho e outros que tais”, e no final o resultado é a apresentação à comunicação social do que já tinham levado no início e os motivos porque o outro é o diabo de quatro. Por norma, espremido, espremido, não sai nada de novo.


Falemos da entrevista, que é bem interessante, apesar de em muitos momentos a partidarite estar claramente presente. É natural que assim seja. Tem vários temas interessantes, e muitos serão brevemente motivo de combate político. Resumo-a da seguinte forma:
i. Francisco Assis perfila-se como sério candidato a secretário geral do PS.
ii. Muito mais que um orçamento para os portugueses, este é um orçamento para reduzir o défice e para cumprir com exigências internacionais.
iii. Não se pode deixar de ter em atenção a disputa política, mesmo quando são os interesses de Portugal que estão a ser negociados.
iv. Como o governo é minoritário, a qualquer momento pode haver uma crise política.
v. É importante que tanto José Sócrates (JC) como Pedro Passos Coelho (PPC) falem mais, falem abertamente e tenham uma relação diferente da que têm tido.
vi. Foi preciso o Conselho Europeu dar a entender ao JC e ao PPC que o “país e outras partes” não entenderiam que eles não se entendessem.
vii. Somos um partido de esquerda (não se esqueçam). A maior parte dos países da Europa é de direita. Logo a culpa é da direita!
viii. Não vou comentar a parte da entrevista em que fala de escola e saúde!
ix. É impossível concorrer com empresas que fabricam a preços muito mais baixos, com modelos onde não há direitos sociais, preocupações ambientais ou direitos políticos.
x. Os europeus têm de compreender que não estamos sozinhos e que temos de ser, a nível europeu, mais solidários e mais coesos, sob pena de este projecto europeu implodir.
xi. Existe o risco real de uma implosão do projecto europeu.
xii. Em Portugal é que nós temos um debate político muito fechado e as questões europeias ficam à margem.
xiii. Estamos dependentes da Sr.ª Merkel e da Alemanha (a única surpresa é a não referência à França de Sarkozy).
xiv. É evidente que nos últimos 30 anos Portugal evoluiu na construção de uma cidadania democrática, de um Estado social do qual nos podemos orgulhar, mas há uma área que ficou um pouco prejudicada que foi a do crescimento económico e da produtividade da economia portuguesa, que não se robusteceu substancialmente. (Será possível estado social sem crescimento economico e da produtividade?).
xv. Apesar de tudo, é muito diferente a aplicação de medidas pela esquerda e pela direita. Porque a esquerda aplica algumas medidas necessárias acompanhadas por outras, mas a direita aplica-as com prazer porque correspondem à sua orientação ideológica mais profunda. (ou seja ambas dão pauladas, mas a esquerda é porque tem que ser, enquanto a direita é porque gosta! Sera que não houve engano do entrevistador?).
xvi. O JC vai ser candidato novamente a primeiro ministro (Arghhh!).

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